Menino da Mãe + Coro
Autêntico ovni capaz de encapsular na sua música todas as tensões, pluralidades e potencial do tempo que é agora, Menino da Mãe autodefine-se na “raiva de uma criança do subúrbio que morreu na capital”; se raras vezes citamos as descrições providenciadas pelos próprios artistas, é difícil resistir a tamanha honestidade e, sobretudo, acuidade no autorretrato. A música de Bernardo Bertrand AKA Menino da Mãe vai, quase literalmente, a tudo o que é angústia, beleza contemplativa e celebração hedonista, e frequentemente no espaço de segundos. É eletrónica mas orgânica, é punk mas new age, é noise mas pop em filigrana.
Em antecipação do novo disco Há entre nós quem viva num museu à escala de aldeia que é Portugal, Menino da Mãe vem ao maat acompanhado dos seus cúmplices nesta nova música, Raphael Soares e Violeta Azevedo, baterista e flautista, respetivamente, ambos figuras de excecional output, originalidade e dedicação no panorama recente português, bem como por um coro composto por Alexandra Vidal e Ness. Do disco, sabemos que tem três longos temas, sendo um sobre uma cabeleireira da margem sul que roubou 11 bancos com armas de plástico para alimentar os filhos após um divórcio doloroso. Será preciso dizer mais?
Bernardo Bertrand: voz, eletrónica
Violeta Azevedo: flauta, eletrónica
Raphael Soares: bateria
Alexandra Vidal e Ness: coros
Convidado especial Menino da Mãe: Ricardo Martins – percussão
O Rescaldo regressa a Lisboa, aquele que é, desde 2007, um dos acontecimentos privilegiados para sentir o pulso criativo do país, em tudo o que tem de mais inclassificável e desafiante. Na sua décima terceira edição, o festival ocupa, durante cinco dias (15/02–19/02/2023), outros tantos espaços da capital, com propostas que espelham fielmente a diversidade de lugares sonoros do seu programa. Entre a composição académica contemporânea e a experimentação autodidata, entre o jazz e a eletrónica, passando por miscigenações inimagináveis e colaborações únicas pensadas em exclusivo para o festival, o Rescaldo continua a afirmar a diversidade estética, social e geracional que vai mantendo vivo o milagre pessoal e coletivo que é fazer, pensar, sentir e desbravar o Som nas suas infinitas possibilidades.