O MAAT apresenta a exposição Gestos de Ana Léon, no espaço do Cinzeiro 8, no MAAT Central. Artista que se revelou em Portugal no contexto dos anos 80 do séc. XX, Léon estabeleceu-se nessa mesma década em Paris, onde ainda hoje mora. A artista trabalha em paralelo o desenho e o filme, usando tecnologia analógica (película e uma máquina de filmar Super 8), para realizar filmes de animação em stop motion onde, a partir de imagens captadas uma a uma, recria o movimento dos corpos. A artista sempre desenvolveu, em ambos os campos, linguagens de grande simplicidade ou austeridade de meios. 

Nesta exposição, apresentada em seis salas sucessivas, um número significativo de figuras masculinas, quase sempre mostradas em “plano americano” e vestidas com roupas de corte muito simples, executa, em loop, um número restrito de gestos repetitivos. Essas figuras dificilmente se distinguem entre si. A sensação de despersonalização é acentuada pelo facto dos figurantes se repetirem de vídeo para vídeo, representando peças diferentes (ou cenas diversas da mesma peça) com o mesmo guarda-roupa, o mesmo tipo de temporalidade, gestualidade, cenografia, dominante cromática, iluminação ou fundo sonoro.

Os modelos de que Ana Léon se serve são os Action Man. Têm cerca de 25 cm de altura, são inteiramente formados por componentes plásticos e metálicos, e são perfeitamente articulados (pescoço, braços e pernas, pulsos e artelhos). A escolha dos bonecos com que trabalha não é determinada pelo facto de serem ou não modelos masculinos, mas pela neutralidade expressiva (ou mesmo inexpressividade) e pela mobilidade física que os define. João Pinharanda, curador, escreve para o guia de exposição: «Ana Léon boicota também o papel convencional dos tradicionais bonecos animados, ao negar-lhe toda a dimensão narrativa: de facto, nos seus pequenos filmes, nada se passa ou o que se passa é exclusivamente da ordem do descritivo».

Biografia de Ana Léon

Ana Léon (Lisboa, 1957), vive e trabalha em Paris. Licenciada em Pintura na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e maîtrise em Estética, na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne.

O seu trabalho artístico tem-se desenvolvido entre o desenho e os filmes. Tem exposto desde 1982, individual e coletivamente. Das exposições individuais destacam-se Azulvermelho (com Pedro Calapez, Galeria Diferença, Lisboa, 1982), instalação na Ménagerie de Verre (Paris, 1992), Metamorfoses (Museu Nacional de História Natural e Ciência, Lisboa, 1994), Desenhos e Filmes (Centre Culturel Portugais / Fondation Gulbenkian, Paris, 2003), 7 Filmes (Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Lisboa, 2005), filme Strip-Tease (Théâtre du Rond-Point, Paris, 2007), Corpos, CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, 2021). Das exposições coletivas salientam-se Instalação (Galeria Metrópole, Lisboa, 1983), Arquipélago (SNBA – Sociedade Nacional de Belas-Artes, Lisboa, 1985), Lá Fora (Museu da Presidência da Républica, Lisboa, 2009), Variations Portugaises (CAC Meymac – Centre d’art contemporain, 2017), A Metade do Céu (Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa, 2019), Tudo o que eu quero – Artistas Portuguesas de 1900 a 2020 (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2021) e Histórias de uma Coleção – Arte Moderna e Contemporânea do CAM (Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2023).

Ana Léon tem a sua obra representada em coleções como CAM – Centro de Arte Moderna Gulbenkian, Caixa Geral de Depósitos, Museu de Lisboa, Fundação Carmona e Costa e Fundação de Serralves.

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