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VIDEOARTE EM AGOSTO #1
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01/08/2020 - 01/08/2020
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SOBRE A NUDEZ CRUA DA VERDADE
Videoarte em agosto #1

Numa parceria com a Horta Seca, organizadora do festival Temps d’Images ou Fuso – Festival de Vídeo Arte Internacional de Lisboa, o maat apresenta Sobre a nudez crua da verdade, um ciclo de videoarte que ocorre durante o mês de agosto em quatro sessões ao sábado.

O projeto tem como mote o tema da verdade, inspirando-se na icónica frase de Eça de Queiroz — “Sobre a nudez crua da verdade, o manto diáfano da fantasia” (A Relíquia, 1887) — e no pensamento que o sustenta: que a fantasia permite frequentemente transmitir ou revelar uma verdade.

Quatro reconhecidos curadores na área da videoarte internacional foram convidados a trazer ao museu uma proposta no âmbito do programa maat Mode 2020 para cada sessão: Jean-François Chougnet, diretor artístico do FUSO e diretor do MUCEM; Tom Van Vliet, fundador do World Wide Video Festival; Bernardette Caille, diretora editorial e curadora independente; e Lori Zippay, directora executiva da Electronic Arts Intermix (EUA).

As projeções realizam-se a partir das 17.00 e serão acompanhadas por um comentário de cada curador.

Programa #1
Curador convidado: Jean-François Chougnet

"Quando tenho de explicar a videoarte a pessoas que realmente não a entendem, muitas vezes faço a analogia com a literatura. Digo-lhes: imagine um mundo onde as únicas formas de literatura existentes sejam o jornalismo e alguns romances: não há poetas, não há poesia. É a minha posição perante a televisão. Noutras palavras, o meu trabalho é uma expressão de mim mesmo. Sei que é verdade para outras pessoas que fazem imagens, mas a expressão parece mais metafórica ou mediada por outros elementos", diz Bill Viola. O programa está estruturado em torno de três maneiras de detetar a verdade — e a mentira — das imagens: a propaganda verdadeira-falsa de Doug Hall, a individualização emprestada da psicologia de Jung por Bill Viola, e as facetas do arquivo por Akram Zaatari.

Jean-François Chougnet (França) é diretor artístico do FUSO – Anual de Videoarte Internacional de Lisboa, e tem dedicado a sua carreira às políticas culturais. Foi diretor-geral do Villette, Paris (2001 – 2006). Em 2005, foi comissário-geral do Ano do Brasil na França. Dirigiu a Fundação Berardo, em Lisboa, de 2007 a 2011. Ainda em 2011, Chougnet tornou-se CEO da Marseille-Provence Capital da Cultura Europeia 2013. Desde 2014 é presidente do Musée des Civilisations de l’Europe et de la Méditerranée, em Marseille, França.

This is the Truth, Doug Hall
3’30’’, 1982

A hipérbole política e a retórica dos media são o foco de This is the Truth, no qual Hall confronta os lugares-comuns calculados e os gestos planeados que significam “verdade” numa sociedade saturada pelos media. Parte ditador, parte orador, Hall, rodeado por emblemáticos estandartes vermelhos, recita uma série de slogans: “Prestem atenção aos vossos superiores… Obedeçam às leis… Deixem a política para os políticos…”. A repetição monótona destes aforismos impregna-os de uma sinistra ambiguidade Orwelliana. Através da teatralidade e do espetáculo, este trabalho dá continuidade à investigação de Hall sobre a manipulação de imagens e da linguagem enquanto sinais de poder.
Membro dos coletivos multimédia Ant Farm e T.R. Uthco nos anos 70, Doug Hall produziu trabalhos em vídeo nos anos 1980, que analisavam símbolos e ícones de poder na cultura contemporânea, uma investigação que o levou a observar o espetáculo e a teatralidade, a autoridade política e os meios de comunicação, e o sublime apocalíptico da natureza.

Truth through Mass Individuation, Bill Viola
10’13’’, 1976

O título de Truth through Mass Individuation refere-se a Carl Jung. O princípio da individualização, ou principium individuationis, descreve a maneira pela qual uma coisa é identificada como diferente de outras coisas. O conceito aparece em inúmeras áreas e encontra-se em trabalhos de Carl Gustav Jung. Uma figura isolada é vista a desempenhar ações cada vez mais agressivas — deixando cair um címbalo entre um bando de pombos, disparando uma espingarda numa rua deserta. Na quarta e última etapa, a sua imagem luminosa, destacada contra o escuro da noite, funde-se na distância com a multidão barulhenta de um estádio ao ar livre.
Bill Viola é uma figura importante na vídeoarte. As suas obras, que receberam reconhecimento internacional, distinguem-se pelo encontro entre ressonâncias alegóricas e o virtuoso controlo da tecnologia. Viola explora os sistemas temporais e óticos do vídeo, para investigar metaforicamente os modos de perceção e cognição, para por fim traçar a simbólica procura pelo “eu”. As suas ritualizadas investigações de fenómenos visuais e acústicos, de ilusão e realidade, alcançam uma articulação poética de transcendência visionária.

Saida June 6th 1982, Akram Zaatari
90’, 2002

As obras de Akram Zaatari usam o arquivo enquanto ponto de partida — um diário, artigos, informações de televisão ou rádio — e fazem a pergunta do que faz a história: como são as suas "verdades" reveladas e disfarçadas pela produção e circulação de imagens. Saida June 6th 1982, mostrando os movimentos de câmara, é uma montagem fotográfica. O trabalho mostra-nos o bombardeamento da cidade de Saida, a 6 de junho de 1982, data da invasão do exército israelense no Líbano. Torna visível o próprio gesto de composição da imagem.
Nascido em 1966, em Saida (Líbano), membro fundador da Fundação Árabe para a Imagem, Akram Zaatari desenvolveu uma obra focada na história do Líbano e respetivos conflitos fronteiriços. Os seus filmes e instalações vídeo colocam em cena imagens de arquivo, testemunhos e situações representativas das condições de vida do seu país. Estar entre a realidade e a ficção é forma de apontar a dimensão fabricada da História e das imagens que a documentam.

 

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